15 maio 2013

Paul's Dance | Penguin Cafe Orchestra




Para o José Cadeco com um abraço apertado.

Penguin Cafe Orchestra | Paul’s Dance | Peça instrumental composta por Simon Jeffes e Steve Nye e incluída no álbum «Penguin Cafe Orchestra» [1981] | Vídeo #1 : Simon Jeffes - cuatro ; Geoffrey Richardson – ukulele [BBC, 1989] | Vídeo #2 : Geoffrey Richardson – cuatro ; Jennifer Maidman – ukulele [Ukulian, 2012?].





13 maio 2013

Meditação do Duque de Gandia sobre a Morte de Isabel de Portugal | Sophia de Mello Breyner Andresen







Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

Nunca mais te darei o tempo puro
Que em dias demorados eu teci
Pois o tempo já não regressa a ti
E assim eu não regresso e não procuro
O deus que sem esperança te pedi.


[Sophia de Mello Breyner Andresen, 1919-2004]



[Vídeo: Um Poema por Semana | Ideia - Paula Moura Pinheiro  >>> | Voz - Rita Loureiro | RTP2, 2011]




02 maio 2013

Espuma | Afonso Lopes Vieira



Mais leve que a pluma
que no ar balança,
pela praia dança
a ligeira espuma.
Dançando se afaga
no alado bailar!
Pétalas da vaga,
poeira do mar…

Espuma de neve,
ergue-a num momento
a curiosa e leve,
vaga mão do vento.
Mas o vento, achando
que da mão lhe escorre,
com ela brincando
pela praia corre…

Eis se ergue e dissolve,
coisa láctea e pura,
onde o luar se envolve
na fervente alvura.
Espuma levada
das águas ao rés,
renda evaporada,
jóia das marés!

Mais leve que a pluma
que no ar ondeia,
pela fina areia
baila, aérea, a espuma.

E na dança etérea,
que implacável ronda!
Bafo da matéria,
penugem da onda…

Afonso Lopes Vieira
[Portugal, 1878 - 1946]