11 outubro 2012

Leituras | John Steinbeck, A Pérola



Leituras | John Steinbeck,  A Pérola | Lê Abílio Santos
[...] Mas a música da pérola vibrava triunfantemente dentro de Kino. Juana ergueu os olhos para ele e os seus olhos abriram-se diante da coragem de Kino e da sua imaginação. Tinha-o penetrado uma energia electrizante, agora que derrubara os horizontes. Na pérola via Coyotito sentado a uma carteira numa escola como a que Kino tinha visto um dia através de uma porta aberta. E Coyotito tinha um casaco vestido, e um colarinho branco e uma larga gravata de seda. Além disso, Coyotito estava a escrever numa grande folha de papel. Kino olhou para os vizinhos, orgulhosamente:
- O meu filho há-de ir à escola - disse, e fez-se silêncio entre os vizinhos. Juana conteve a respiração. Os seus olhos brilhavam ao fitá-lo, e baixou rapidamente o olhar para Coyotito, para ver se aquilo seria possível.
Mas a profecia brilhava no rosto de Kino.
- O meu filho há-de ler e abrir os livros, e o meu filho há-de escrever e conhecer a escrita. E o meu filho há-de fazer números, e essas coisas hão-de libertar-nos, porque ele há-de saber, há-de saber e nós havemos de saber através dele.
E na pérola Kino viu-se a si próprio e a Juana acocorados junto do fogo, dentro da cabana, enquanto Coyotito lia um grande livro. [...]

Sem comentários:

Enviar um comentário